segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Elementos gerais do universo- Conhecimento do princípio das coisas

17 É permitido ao homem conhecer o princípio das coisas?

– Não, Deus não permite que tudo seja revelado ao homem aqui na Terra.

18 O homem penetrará um dia no mistério das coisas que lhe são ocultas?

– O véu se levanta para ele à medida que se depura; mas, para compreender algumas coisas, precisa de faculdades, dons, que ainda não possui.

19 O homem não pode, pelas investigações das ciências, penetrar em alguns dos segredos da natureza?

– A ciência lhe foi dada para seu adiantamento em todas as coisas, mas não pode ultrapassar os limites fixados por Deus.

*Quanto mais é permitido ao homem penetrar pelo conhecimento nesses segredos, maior deve ser sua admiração pelo poder e sabedoria do Criador; mas, seja pelo orgulho ou fraqueza, sua própria inteligência o torna, muitas vezes, joguete da ilusão. Amontoa sistemas sobre sistemas e cada dia que passa lhe mostra quantos erros tomou por verdades e quantas verdades rejeitou como erros. São outras tantas decepções para o seu orgulho.

20 Fora das investigações da ciência, é permitido ao homem receber comunicações de uma ordem mais elevada sobre o que escapa ao alcance dos seus sentidos?

– Sim, se Deus julgar útil, pode revelar o que a ciência não consegue apreender.

*É por essas comunicações que o homem obtém, dentro de certos limites, o conhecimento de seu passado e de sua destinação futura.
21 A matéria existe desde o princípio, como Deus, ou foi criada por Ele em determinado momento?

– Somente Deus o sabe. Entretanto, há uma coisa que a vossa razão deve deduzir: é que Deus, modelo de amor e caridade, nunca esteve inativo. Por mais remoto que possa vos parecer o início de sua ação, acaso o podereis imaginar por um segundo sequer na ociosidade?

22 Define-se, geralmente, a matéria como sendo o que tem extensão, o que pode causar impressão aos nossos sentidos, o que é impenetrável. Essas definições são exatas?

– Do vosso ponto de vista são exatas, visto que somente falais do que conheceis. Mas a matéria existe em estados que para vós são desconhecidos. Pode ser, por exemplo, tão etérea e sutil que não cause nenhuma impressão aos vossos sentidos; entretanto, é sempre matéria, embora para vós não o seja.

22 a Que definição podeis dar da matéria?

– A matéria é o laço que prende o Espírito; é o instrumento de que ele se serve e sobre o qual, ao mesmo tempo, exerce sua ação.

*De acordo com essa idéia, pode-se dizer que a matéria é o agente, o intermediário, com a ajuda do qual, e sobre o qual, atua o Espírito.

23 O que é o Espírito?

– Espírito é o princípio inteligente do universo
23 a Qual é a natureza íntima do Espírito?

– Não é fácil explicar o Espírito com a vossa linguagem. Para vós, ele não é nada, visto que o Espírito não é algo palpável, mas para nós é alguma coisa. Sabei bem: o nada não é coisa nenhuma, o nada não existe.

24 Espírito é sinônimo de inteligência?

– A inteligência é um atributo essencial do Espírito, mas ambos se confundem num princípio comum, de modo que, para vós, são a mesma coisa.

25 O Espírito é independente da matéria ou é apenas uma propriedade dela, como as cores são propriedades da luz e o som uma propriedade do ar?

– Ambos são distintos, mas é preciso a união do Espírito e da matéria para que a inteligência se manifeste na matéria.

25 a Essa união é igualmente necessária para a manifestação do Espírito? (Entendemos, aqui, por espírito o princípio inteligente, e não as individualidades designadas sob esse nome).

– Ela é necessária para vós, porque não sois organizados para perceber o Espírito sem a matéria; vossos sentidos não são feitos para isso.

26 Pode-se conceber o Espírito sem a matéria e a matéria sem o Espírito?

– Pode-se, sem dúvida, pelo pensamento.
27 Haveria, assim, dois elementos gerais do universo: a matéria e o Espírito?

– Sim, e acima de tudo Deus, o Criador, o Pai de todas as coisas. Deus, Espírito e matéria são o princípio de tudo o que existe, a trindade universal. Mas ao elemento material é preciso acrescentar o fluido universal, que faz o papel de intermediário entre o Espírito e a matéria propriamente dita, muito grosseira para que o Espírito possa ter uma ação sobre ela. Ainda que sob certo ponto de vista se possa incluí-lo no elemento material, ele se distingue por propriedades especiais. Se o fluido universal fosse matéria, não haveria razão para que o Espírito não o fosse também. Ele está colocado entre o Espírito e a matéria; é fluido, como a matéria é matéria; suscetível, por suas inumeráveis combinações com ela e sob a ação do Espírito, de poder produzir uma infinita variedade de coisas das quais conheceis apenas uma pequena parte.Esse fluido universal, primitivo, ou elementar, sendo o agente que o Espírito utiliza, é o princípio sem o qual a matéria estaria em perpétuo estado de dispersão e nunca adquiriria as propriedades que a força da gravidade lhe dá.

27 a Seria esse fluido o que designamos sob o nome de eletricidade?

– Dissemos que ele é suscetível de inumeráveis combinações; o que chamais fluido elétrico, fluido magnético, são modificações do fluido universal, que é, propriamente falando, uma matéria mais perfeita, mais sutil e que se pode considerar como independente.
28 Uma vez que o próprio Espírito é alguma coisa, não seria mais exato e menos sujeito a confusões designar esses dois elementos gerais pelas palavras: matéria inerte e matéria inteligente?

– As palavras pouco nos importam; cabe a vós formular vossa linguagem de maneira a vos entenderdes. Vossas controvérsias surgem quase sempre do que não compreendeis sobre as palavras que usais, porque vossa linguagem é incompleta para as coisas que os vossos sentidos não percebem.

*Um fato notório domina todas as hipóteses: vemos matéria sem inteligência e vemos um princípio inteligente independente da matéria. A origem e a ligação dessas duas coisas nos são desconhecidas. Se elas vêm ou não de uma fonte comum, se há pontos de contato entre elas, se a inteligência tem sua existência própria ou se é uma propriedade, um efeito ou mesmo, conforme a opinião de alguns, se é uma emanação da Divindade, é o que ignoramos. Elas nos aparecem distintas, é por isso que nós as admitimos como formando dois princípios que constituem o universo. Vemos acima de tudo isso uma inteligência que domina todas as outras e as governa, que se distingue por seus atributos essenciais. É a essa inteligência suprema que chamamos Deus.

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